www.cezar.azevedo.nom.br WASHINGTON - O dia foi de novo caos nos EUA, e as perdas agora começam a migrar com mais força do mercado bancário para a economia não-financeira. As ações da General Motors caíram 31% na quinta, a maior baixa em 58 anos. O índice da Bolsa de Nova York que mede com mais precisão a economia como um todo, o S&P 500, apresentou nos últimos sete pregões a maior perda desde 1937. Vale a pena repetir o mantra sobre a gravidade dessa crise. Ela é uma crise de crédito, do fim da farra do crédito que tirou os EUA rapidamente da recessão de 2000 e que levou o mundo, no últimos cinco anos, ao seu período mais exuberante em três décadas. Um crescimento bancado por um sistema furado, em que um único dólar em créditos a receber nos bancos lastreava até outros US$ 13 em empréstimos. O sistema girava no vazio, que agora suga grandes bancos, mutuários e consumidores para a falência. Mais de três quartos do PIB dos EUA vêm do consumo, que é movido a crédito. E ele agora secou até para empresas que faturam bilhões. Mesmo que os trilhões anunciados pelos governos centrais comecem finalmente a irrigar o mercado, os consumidores norte-americanos e os bancos que os financiam estão endividados até o pescoço. Aliás, nunca deveram tanto em suas vidas. Isso vai levar muito tempo para ser resolvido, especialmente dentro de um quadro recessivo. É isso que começa a ser completamente entendido. Fernando Canzian, 42, é repórter especial da Folha. Foi secretário de Redação, editor de Brasil e do Painel e correspondente em Washington e Nova York. Ganhou um Prêmio Esso em 2006. Escreve às segundas-feiras Clique e comente este texto
|